A chikungunya é uma arbovirose transmitida ao ser humano principalmente por mosquitos Aedes aegypti. Identificada pela primeira vez em um surto na Tanzânia, em 1952, o nome chikungunya vem da língua africana Kimakonde e significa “tornar-se contorcido”, em referência à postura encurvada provocada pela dor articular intensa que a doença causa. 

Desde a introdução do vírus chikungunya (CHIKV) no continente americano em 2013, diversos surtos foram registrados nas Américas, sendo que, entre 2014 e 2017, mais de 2,5 milhões de casos suspeitos foram contabilizados apenas no Caribe, América Latina e Estados Unidos, com mais de 600 mortes atribuídas à doença. No Brasil, os primeiros casos confirmados ocorreram em 2014, nos estados do Amapá e da Bahia. Desde então, todos os estados brasileiros passaram a registrar transmissão do vírus, com importante dispersão territorial observada em 2023, especialmente na Região Sudeste. 

Causas e transmissão 

A chikungunya é causada principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado com o vírus. A transmissão se dá quando um mosquito saudável pica uma pessoa com o vírus no sangue, torna-se infectado e, após alguns dias, pode transmitir o vírus a outro ser humano. Casos de transmissão vertical, ou seja, da gestante ao filho, também são possíveis, principalmente durante o parto, podendo causar infecções neonatais graves. 

Sintomas 

Os sintomas da chikungunya costumam aparecer entre 4 e 8 dias após a picada do mosquito. Os mais comuns são: 

A doença pode evoluir em três fases: aguda (5 a 14 dias), pós-aguda (15 a 90 dias) e crônica (acima de 90 dias). Em mais da metade dos casos, a dor articular torna-se crônica. Além disso, há possibilidade de manifestações extra-articulares, como agravos neurológicos (encefalite, mielite, síndrome de Guillain-Barré), cardiovasculares, cutâneos, renais e outros. 

Diagnóstico 

O diagnóstico da chikungunya deve ser feito por um médico e pode envolver avaliação clínica e exames laboratoriais disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Casos suspeitos devem ser notificados no sistema Sinan em até sete dias, e óbitos devem ser comunicados ao Ministério da Saúde em até 24 horas. 

Tratamento 

Até o momento, não há tratamento antiviral específico para a chikungunya. O manejo clínico é voltado para o alívio dos sintomas com o uso de analgésicos e antitérmicos, além de incentivo à hidratação e repouso. A escolha dos medicamentos deve ser baseada na avaliação médica, levando em conta a fase da doença e escalas de dor adequadas. Em alguns casos, pode ser indicada fisioterapia para tratar o comprometimento musculoesquelético. É fundamental evitar a automedicação, pois ela pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro clínico. Os tratamentos são oferecidos gratuitamente pelo SUS. 

Prevenção 

A principal forma de prevenção é evitar a picada dos mosquitos vetores. Estratégias tradicionais incluem a eliminação de criadouros — como recipientes que acumulam água — e o uso de inseticidas para controlar a população de mosquitos. Repelentes, roupas que cubram a pele e telas em portas e janelas também são recomendados, além do uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas para pessoas vulneráveis que dormem durante o dia. 

Como alternativa às abordagens convencionais, destaca-se o Método Wolbachia, uma tecnologia que consiste em introduzir uma bactéria natural nos mosquitos Aedes aegypti. Essa bactéria impede que os vírus se desenvolvam dentro do mosquito, bloqueando a transmissão da doença. Diferente das estratégias de extermínio, a Wolbachia visa substituir a população de mosquitos por outra que não transmite os vírus. Esse método tem se mostrado promissor para o controle sustentável da chikungunya, além de outras arboviroses como dengue, Zika e febre amarela urbana. 

Panorama global 

A chikungunya está presente em mais de 100 países, com prevalência na Ásia, incluindo a Índia. Em 2023, no entanto, o aumento da circulação de chikungunya foi detectado em cinco países das Américas, superando em muito os números para o mesmo período em anos anteriores. Estima-se que ocorram entre 53.000 e 330.000 casos em média a cada ano em todo o mundo, mas a epidemia de 2014 nas Américas registrou mais de 1 milhão de casos em um único ano. A OMS acompanha de perto a evolução da doença e, embora existam duas vacinas com aprovações regulatórias em alguns países, seu uso ainda não é generalizado. A entidade também oferece suporte técnico a governos para vigilância, manejo clínico e estratégias de controle do vetor por meio da Iniciativa Global contra Arboviroses. 

Fonte: 

World Mosquito Program – WPM 

Ministério da Saúde (MS) 

Organização Mundial da Saúde – OMS