Primeira etapa do método, de comunicação e engajamento, começa em maio. Liberação dos Aedes aegypti com a bactéria que reduz a transmissão da dengue e de outras arboviroses será em agosto
O Método Wolbachia, operado pela Wolbito do Brasil, começa a ser implantado em Joinville, Blumenau e Balneário Camboriú, municípios de Santa Catarina; Valparaíso de Goiás e Luziânia, em Goiás; e em Brasília, no Distrito Federal. A primeira etapa do método é a de comunicação e engajamento e tem o objetivo de informar a população sobre os trabalhos que serão realizados, assim como engajar a comunidade nas fases seguintes para o sucesso das ações. A liberação dos Wolbitos, que são os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que reduz a transmissibilidade de arboviroses como dengue, Zika e chikungunya, deve ocorrer em agosto.
Desenvolvido no Brasil há 10 anos, pelo World Mosquito Program, (WMP), iniciativa internacional sem fins lucrativos e presente em 14 países, o Método Wolbachia foi trazido ao país pelo então pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira. Foi dele a ideia de apresentar a tecnologia ao Ministério da Saúde, que depois de conhecer os excelentes resultados em diversos países, a incluiu nas políticas públicas da pasta no enfrentamento às arboviroses.
Com o crescente número de casos de doenças transmitidas por mosquitos, a Wolbito do Brasil nasceu como um desdobramento estratégico para consolidar e expandir a implementação do Método Wolbachia no Brasil. Segundo o diretor presidente da Wolbito do Brasil, Luciano Moreira, a expectativa da empresa é atender 140 milhões de brasileiros nos próximos anos. “A biofábrica de Wolbitos está em fase final de instalação em Curitiba, assim que estiver funcionando terá capacidade para produzir 100 milhões de ovos de mosquitos por semana. Nosso objetivo é reduzir significativamente os números de casos de arboviroses no país. Em dez anos teremos beneficiado mais da metade da população brasileira”, destaca.
Os municípios que receberão o método são escolhidos pelo Ministério da Saúde, que leva em consideração diversas questões. Vale destacar que o Método Wolbachia é complementar a outros métodos, e inclusive aos cuidados básicos que a população deve continuar tendo para eliminar os criadouros de mosquitos. “Nosso método é seguro, natural e autossustentável. Nosso grande diferencial é a etapa de comunicação e engajamento, pois com a população bem-informada e engajada, os resultados são sempre melhores. A união de forças produz um efeito mais significativo”, complementa.
O que é a Wolbachia e como funciona o método?
A Wolbachia é uma bactéria presente naturalmente em cerca de 60% dos insetos ao redor do mundo, mas não no Aedes aegypti. Em laboratório, os cientistas (na Universidade da Monash na Austrália) conseguiram introduzir a Wolbachia nos ovos do mosquito e verificaram que a bactéria conseguia reduzir o desenvolvimento dos vírus da dengue, Zika e chikungunya e consequentemente reduzia transmissão dessas doenças.
O processo de aplicação do Método Wolbachia inclui um estudo detalhado das condições locais, como clima, densidade populacional e histórico epidemiológico. Com base nessas informações, é definido um plano para a produção e liberação dos mosquitos, que serão soltos na região-alvo. Os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os Aedes aegypti nativos, transmitindo a bactéria para as gerações seguintes. Com o tempo, a população de mosquitos com Wolbachia substitui a população original, reduzindo a transmissão das doenças. (Comentário)
Impacto no Brasil e expansão do programa
Niterói, no Rio de Janeiro, foi o primeiro município a ser completamente protegido com a Wolbachia. Estudos mais recentes indicam que na região houve uma redução de 88,8% nos casos de dengue.
Parcerias estratégicas e colaboração
A Wolbito do Brasil nasce de uma parceria do World Mosquito Program Global com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A biofábrica, com 3 mil metros quadrados, é considerada a maior fábrica de Wolbitos do mundo. Com inauguração prevista para o primeiro semestre deste ano, atenderá, até o fim de 2025, cerca de 40 municípios de várias regiões do Brasil. A unidade está localizada na Cidade Industrial de Curitiba. O projeto também conta com o apoio do Governo do Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e da Prefeitura de Curitiba, através do Tecnoparque