Pesquisador brasileiro, Luciano Moreira, foi anunciado como um dos cientistas mais relevantes do mundo em 2025, segundo o prestigiado ranking anual da revista Nature, a publicação científica de maior influência global.

Responsável por uma das inovações mais promissoras já aplicadas na área de saúde pública no mundo, Luciano Moreira conduz a pesquisa que utiliza a bactéria Wolbachia para tornar o mosquito Aedes aegypti com capacidade reduzida de transmitir dengue, Zika e chikungunya.

“É muito gratificante ver esse reconhecimento de estar entre os dez nomes da lista da Nature, que é um reconhecimento de muito esforço, muita ciência, de trabalho em laboratório, em campo e também o comprometimento da equipe para que a gente pudesse chegar aonde a gente está”, celebra Luciano Moreira.

O método consiste em introduzir a bactéria (presente naturalmente na maioria das espécies de insetos, como a popular “mosquinha da banana”) no Aedes. Com a Wolbachia, o vírus não consegue se replicar dentro do organismo do mosquito, reduzindo drasticamente sua capacidade de infectar humanos.

Cidades brasileiras que adotaram a técnica já registram queda de até 89% (como Niterói/RJ) nos casos de dengue, resultado que reforça o potencial da estratégia para transformar o cenário global das arboviroses.

Hoje, Moreira é o CEO da Wolbito do Brasil, uma joint venture entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), uma organização mundial sem fins lucrativos.

“A Wolbito do Brasil surgiu como um desdobramento estratégico para ampliação da implementação do Método Wolbachia no país. Com o objetivo de proteger cada vez mais pessoas das doenças transmitidas por mosquitos, a Wolbito atua em parceria com a FIOCRUZ e Ministério da Saúde”, diz Moreira.

A Wolbito do Brasil nasceu para consolidar e expandir a implementação do Método Wolbachia – presente em 15 países – no Brasil, sob a coordenação do World Mosquito Program (WMP).

O Método Wolbachia não utiliza mosquitos transgênicos, é complementar a outros métodos e inclusive aos cuidados básicos que a população deve manter para eliminar os criadouros de mosquitos. O método é seguro, natural e autossustentável e tem como grande diferencial a etapa de comunicação e engajamento junto à população dos municípios onde é implantado.

 

O que é a Wolbachia e como funciona o método?

O Método utiliza mosquitos Aedes aegypti que carregam a Wolbachia, uma bactéria naturalmente presente em mais da metade dos insetos da natureza e que impede o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo dos insetos. Quando esses mosquitos se reproduzem, transmitem a Wolbachia para as próximas gerações, reduzindo, desta forma, a transmissão de dengue, Zika e chikungunya.

Antes da liberação dos mosquitos, a equipe da Wolbito, em parceria com as prefeituras, promove uma série de ações de engajamento comunitário e educativas em escolas, unidades de saúde, espaços públicos e associações comunitárias. Também são feitas campanhas educativas em rádios e TVs locais, redes sociais, mídias impressas e rodas de conversa com moradores, para garantir que todos compreendam o que é o método, como funciona e qual seu impacto.

Depois da etapa de comunicação e engajamento é feita a liberação dos Wolbitos no município. As solturas são feitas periódicamente, por período determinado e sob a responsabilidade de uma equipe técnica especializada, utilizando veículos e equipamentos próprios. A expectativa é de que, ao longo dos meses, a presença da Wolbachia aumente de forma natural e estável em cada cidade selecionada pelo Ministério da Saúde.