A Wolbito do Brasil, maior biofábrica do mundo de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, inaugurou neste sábado (19) sua moderna unidade para criação de Wolbitos que vão ajudar a combater dengue, Zika e chikungunya no país. Instalada em Curitiba, no Paraná, a planta, com mais de 3,5 mil m² de área construída, equipamentos de ponta para automação e criação dos mosquitos, e equipe especializada em entomologia (ciência que estuda insetos), vai atender todo o Brasil, com a expectativa de proteger ao menos 14 milhões de pessoas por ano.

A cerimônia contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e de autoridades locais, estaduais e nacionais. A biofábrica passa a reforçar a capacidade do país no combate às arboviroses e amplia o uso do Método Wolbachia, uma tecnologia natural, segura e autossustentável que já demonstra resultados positivos em diversas regiões do Brasil e do mundo.

Resultado de uma joint venture entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP), uma organização mundial sem fins lucrativos, a Wolbito do Brasil nasce com a experiência de mais de 10 anos do WMP.

“Ao longo de mais de uma década, esse método consolidou evidências científicas robustas, revelando-se um grande aliado no combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A Wolbito do Brasil é uma conquista coletiva que reafirma nosso compromisso com a ciência, a saúde e o futuro da população. Estamos prontos para atender mais municípios brasileiros com o Método Wolbachia, protegendo a população das arboviroses”, afirmou o CEO da empresa, e responsável por trazer o método ao Brasil, Luciano Moreira.

O CEO do World Mosquito Program, Scott O’Neill, pesquisador que descobriu a eficácia da Wolbachia no combate às arboviroses, destacou a contribuição do método para transformar o futuro da saúde pública global. “Este projeto representa não apenas uma inovação significativa para o Brasil, mas também uma esperança concreta para proteger populações em diversos países ao redor do mundo. Tenho plena convicção de que estamos no caminho certo — não apenas para enfrentar os desafios atuais, mas para transformar o futuro da saúde pública global. Cada etapa deste processo foi construída com dedicação, colaboração e ciência de ponta, e o resultado está diante de nós: uma solução eficaz, acessível e promissora”, disse.

A implantação do Método Wolbachia no Brasil resulta do esforço do Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Fiocruz, e beneficiou até o momento cerca de 5 milhões de brasileiros. A previsão é que este número chegue a 70 milhões nos próximos anos, já que o MS incorporou o Método Wolbachia como uma das estratégias nacionais de combate às arboviroses. O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, destacou a importância da parceria para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde.

“A implantação da biofábrica em Curitiba foi resultado de um arranjo institucional que vem gerando resultados concretos, demonstrando a importância da articulação entre ciência, desenvolvimento tecnológico e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Essa técnica é viável no Brasil graças à capilaridade e à presença estruturada do sistema de saúde nas diversas regiões do país, permitindo sua implementação em municípios afetados pela dengue. O mosquito Aedes aegypti, antes associado a regiões tropicais, já está presente em locais antes considerados protegidos, evidenciando sua adaptabilidade e os efeitos das mudanças climáticas. Essa iniciativa é um marco da ciência brasileira aplicada à saúde pública, com potencial de transformação nacional e internacional”, comemorou Moreira.

Com mais de 3,5 mil m² de área construída, equipamentos de ponta para automação e criação dos mosquitos com Wolbachia, além de uma equipe formada por cerca de 70 funcionários, a Wolbito do Brasil supre a crescente demanda nacional pelo Método Wolbachia. Inicialmente, a unidade atenderá exclusivamente ao MS, garantindo a distribuição dos mosquitos Wolbitos para diversas regiões do Brasil com altos índices de dengue.

Em sua fala no evento, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a inauguração da Wolbito do Brasil evidencia a liderança do país no campo da biotecnologia. “A inauguração da maior biofábrica do mundo dedicada à tecnologia Wolbachia representa um exercício de soberania e inovação nacional. Esse avanço é resultado direto da continuidade de políticas públicas e da cooperação internacional com parceiros como a Austrália. A unidade instalada em Curitiba simboliza o fortalecimento da ciência, geração de empregos, produção de tecnologia local e, acima de tudo, segurança para a saúde pública. A pandemia demonstrou os riscos da dependência global na produção de insumos, e esta biofábrica é uma resposta estratégica a esse desafio. Essa conquista reafirma nosso compromisso com a ciência, com a industrialização estratégica da saúde e com a redução da dependência externa. A biofábrica de Wolbachia é um passo decisivo nessa jornada.”, concluiu Padilha.

A Wolbito do Brasil nasceu para consolidar e expandir a implementação do Método Wolbachia – hoje presente em 14 países. No Brasil, o Método Wolbachia está há pouco mais de dez anos, e com resultados positivos. Em Niterói (RJ), por exemplo, a primeira cidade do país a ser totalmente coberta pelo método, a redução dos casos de dengue chegou a 69%, de acordo com estudos publicados.

Os primeiros municípios a serem atendidos pela Wolbito do Brasil são: Balneário Camboriú e Blumenau, além de novas áreas em Joinville, em Santa Catarina; Valparaíso de Goiás e Luziânia, em Goiás; e Brasília, no Distrito Federal. As seis cidades estão na etapa de comunicação e engajamento, logo após, entre agosto e setembro, será a vez da liberação dos Wolbitos nestas regiões. A escolha dos municípios é feita por meio de uma seleção criteriosa do Ministério da Saúde e a implementação conta com o apoio estratégico da Fiocruz.

O que é a Wolbachia e como funciona o método?

O Método utiliza mosquitos Aedes aegypti que carregam a Wolbachia, uma bactéria naturalmente presente em mais da metade dos insetos da natureza e que impede o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo dos insetos. Quando esses mosquitos se reproduzem, transmitem a Wolbachia para as próximas gerações, reduzindo, desta forma, a transmissão de dengue, Zika e chikungunya.

Vale ressaltar que o Método Wolbachia não utiliza mosquitos transgênicos, é complementar a outros métodos e inclusive aos cuidados básicos que a população deve manter para eliminar os criadouros de mosquitos. “Nosso método é seguro, natural e autossustentável. Nosso grande diferencial é a etapa de comunicação e engajamento, pois com a população bem informada e engajada os resultados são melhores. A união de forças produz um efeito mais significativo”, complementa o CEO da Wolbito do Brasil, Luciano Moreira.