Também chamada de febre Zika, é uma arbovirose causada pelo vírus Zika (ZIKV), transmitido principalmente por mosquitos do gênero Aedes, como o Aedes aegypti. Identificado pela primeira vez em macacos na floresta de Zika, em Uganda, em 1947, e em humanos em 1952, na Nigéria, o vírus permaneceu por décadas com registros esporádicos, até emergir em surtos significativos em 2015. 

Histórico e disseminação geográfica 

Após sua identificação inicial, o ZIKV foi detectado em diferentes regiões da África e, posteriormente, na Ásia. Em 2007, houve um surto significativo na Ilha de Yap, Micronésia, com infecção estimada em 75% da população. Em 2014, o Chile notificou a transmissão autóctone do vírus na Ilha de Páscoa. Em 2015, em decorrência do aumento de nascimentos de bebês com microcefalia associada à infecção pelo vírus Zika, foi declarado no Brasil o estado de Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (ESPIN). Outros surtos globais também foram registrados no mesmo ano na África, Ásia e Pacífico. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a microcefalia relacionada ao ZIKV como uma emergência de saúde pública de importância internacional. 

Transmissão 

O vírus Zika (ZIKV) é transmitido principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. A transmissão sexual também foi documentada. 

Sintomas e complicações 

Embora a maioria dos infectados não desenvolva sintomas, quando presentes, eles tendem a ser leves e durar de dois a sete dias. Os sintomas mais comuns são: 

Duas complicações neurológicas graves foram associadas ao ZIKV: a Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma condição autoimune que afeta os nervos periféricos; e a microcefalia, quando há infecção em gestantes. Outros quadros neurológicos, como encefalite, mielite e neurite óptica, também foram identificados. 

Todos os sexos e faixas etárias são suscetíveis, mas gestantes e pessoas com mais de 60 anos, especialmente com comorbidades, apresentam risco aumentado de complicações. 

Síndrome Congênita do Vírus Zika 

Gestantes, mesmo assintomáticas, podem transmitir o vírus ao feto durante toda a gestação. A infecção pode resultar em aborto, óbito fetal ou malformações congênitas, sendo a microcefalia a principal. Essa condição faz parte da chamada Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCZ), que pode incluir uma gama de deficiências físicas, intelectuais e sensoriais permanentes. 

Diagnóstico 

O diagnóstico do ZIKV pode ser clínico e confirmado por exames laboratoriais disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo sorologia, biologia molecular e RT-PCR. O diagnóstico por imagem é essencial em recém-nascidos com suspeita de comprometimento neurológico. Em caso de óbito, recomenda-se estudo anatomopatológico e pesquisa de antígenos virais. Devido à cocirculação de dengue e chikungunya, é importante realizar testagem paralela para reduzir falsos positivos. 

Tratamento 

Não há antiviral específico para a infecção pelo vírus Zika. O tratamento é sintomático e inclui repouso, ingestão de líquidos e manejo dos sintomas com medicamentos comuns. Gestantes com suspeita devem ser acompanhadas conforme os protocolos do Ministério da Saúde. Em casos neurológicos ou oftalmológicos, o encaminhamento especializado é necessário. 

Prevenção 

A prevenção baseia-se no controle do mosquito e na proteção individual contra picadas. Recomenda-se eliminar criadouros (recipientes com água parada), manter reservatórios cobertos, usar roupas que cubram o corpo, repelentes autorizados, mosquiteiros, telas e ar-condicionado. Tais cuidados são especialmente importantes para gestantes e pessoas em áreas endêmicas. 

Além dessas medidas, outras estratégias inovadoras estão em uso no Brasil para reforçar o controle do vetor. Uma delas é o Método Wolbachia, que consiste na liberação, no meio ambiente, de Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Essa bactéria reduz a capacidade do mosquito de transmitir vírus como Zika, dengue e chikungunya. O Método Wolbachia é reconhecido nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle das Arboviroses Urbanas do Ministério da Saúde como uma abordagem complementar, segura e sustentável na luta contra essas doenças. 

Viagens e recomendações 

A OPAS/OMS não impõe restrições a viagens devido à Zika, mas orienta precauções. Gestantes devem evitar áreas com surtos e adotar práticas sexuais seguras, assim como seus parceiros. Ao retornar, viajantes devem seguir cuidados para evitar transmissão posterior. 

Situação atual 

A partir de 2017, os casos diminuíram globalmente, mas a transmissão continua em diversos países das Américas e outras regiões endêmicas. Em 2019, houve registros na Europa e, em 2021, na Índia. Estima-se que mais de 900 mil casos suspeitos foram relatados desde 2015, mas o número real pode ser maior, dada a grande proporção de infecções assintomáticas. 

Fonte:  

World Mosquito Program – WMP

Ministério da Saúde -MS

Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS